Ano Voluntário Social na Alemanha FSJ

Nos últimos anos a Alemanha tem se tornado um destino muito buscado por intercambistas. Paisagens de tirar o fôlego, história pra todo lado, qualidade de vida, custo de vida justo, localização geográfica central na Europa para viajar…Esses são só alguns pontos que me chamaram atenção na maior economia da Europa. 

Se você sonha em fazer intercâmbio na Europa e não tem rios de dinheiro pra investir, fica aqui que eu vou te contar tudo sobre meu intercâmbio de baixo custo na Alemanha e como você pode participar desse tipo de intercâmbio também.  Meu nome é Anália Mendonça, sou uma poliglota apaixonada por conhecer novas culturas e idiomas. Sou teacher de inglês, e produzo conteúdo no Instagram sobre aprendizado de idiomas. 

A Mi Alves me convidou pra te apresentar aqui o FSJ  – Freiwilliges Soziales Jahr (Ano Voluntário Social Remunerado na Alemanha), projeto que fiz parte durante 1 ano e 7 meses em terras germânicas, me proporcionou uma vivência de vida incrível e de quebra, ainda a oportunidade de conhecer 10 países. 

No dia 2 de agosto de 2017 eu embarquei na aventura mais incrível da minha vida! Fui fazer um intercâmbio na Alemanha. Até chegar lá eu ainda tinha muitas incertezas sobre como o programa funcionava, mas depois que cheguei vi que tinha feito a melhor escolha possível.

FSJ sigla para Freiwilliges Soziales Jahr (Ano Voluntário Social) é um programa mantido pelo Governo Alemão e foi isso que me deu segurança para embarcar nesta aventura.  Mais abaixo vou detalhar todos os custos e o investimento que eu fiz, que já adianto foi muito baixo comparado a outras opções. É importante frisar que eu recebia remuneração pelo trabalho que realizava lá e que este valor é pouco, porém foi suficiente para eu me manter com uma vida simples e ainda viajar muito.

Durante meu intercâmbio eu morei em Schwäbisch Hall, uma cidade pequena do distrito de Baden Wurttemberg, próxima a Estugarda (Stuttgart em alemão). Lá eu trabalhei em uma instituição especializada para crianças e jovens com deficiência. Minha jornada de trabalho era de oito horas diárias, trabalhava de segunda à sexta e sempre tinha fins de semana e feriados livres, além de ter direito à 28 dias úteis de férias a cada 12 meses. 

O FSJ 

O FSJ Freiwilliges Soziales Jahr (Ano Voluntário Social) é um ano para jovens de 17 à 27 anos de idade, que já tenham concluído a escola. Se você tem mais de 27 anos, existe um outro programa no estilo do FSJ e com regras parecidas, chamado BFD (Bundesfreiwilligendienst). Estes são programas para pessoas do mundo todo, inclusive para os alemães. 

O FSJ possui uma carga de trabalho de até 40 horas semanais. Você pode atuar em diversas áreas, como cuidador de crianças com deficiência, cuidador de idosos com deficiência, ajudante em salas de aula para pessoas com necessidades especiais, ajudante em oficinas de trabalho para pessoas com necessidades especias, etc. 

O intercâmbio é regulamentado pelo Governo Alemão e também é possível realizá-lo na Áustria.
Como aplicar e como funciona o processo seletivo?

Quando você quer fazer um FSJ você pode procurar diretamente uma das instituições que recebem voluntários, como o Sonnenhof e.V, onde eu trabalhei, ou procurar uma das instituições “meio” que viabilizam a chegada de estrangeiros à Alemanha (o que é mais indicado), como o Diakonie, a Fundação Caritas ou o ICE (Initiative Christen für Europa e.V.). Este último foi o que eu apliquei e acredito que seja a melhor opção.

O ICE, instituição que fez meu processo seletivo e me acompanhou com seminários de capacitação durante todo o meu intercâmbio, é uma instituição sem fins lucrativos que viabiliza o acontecimento do FSJ. É com eles que você vai precisar falar.

Não é necessário pagar nada ao ICE. Eles abrem o processo seletivo, você aplica, se você se encaixar no perfil eles te orientam a como chegar até a Alemanha e te direcionam para um local de trabalho que pode ser em qualquer região da Alemanha.

Meu processo seletivo durou mais de um mês. Primeiro eu apliquei para o ICE, peguei todas as informações no site deles. Na aplicação precisei enviar:
– Meu currículo;
– Uma carta de motivação explicando porque eu queria participar do FSJ;
– Uma carta de recomendação, que poderia ser de um chefe, um líder religioso, de um professor;
– Cópia do Passaporte;

Meu currículo e a minha carta de motivação enviei em alemão. Já a carta de recomendação enviei não só uma, mas duas, e em inglês. O ideal é enviar tudo em alemão, mas eu não falava alemão tão bem e tanto no currículo, quando na carta de motivação deixei claro, que estava traduzindo para alemão com a ajuda de uma tradutora.

O ICE prioriza pessoas que falem alemão para realizar o intercâmbio, mas eu não falava quando fui, e nem meu namorado que foi 6 meses depois de mim, nem muitas outras pessoas que me contactaram através do meu instagram e que aplicaram depois, e conseguiram!

O perfil que o ICE busca é de jovens engajados, que já tenham trabalhado em diversas áreas sociais e que queiram fazer o bem! Se você fizer o processo seletivo direitinho e souber se vender, você consegue. Mas o segredo é: quanto mais alemão você souber, mais chances, e quanto mais trabalho voluntátio prévio você tiver, também!

Além disso, o ICE busca pessoas tolerantes que saibam conviver bem com gente de outras culturas, com opiniões e perfis diferentes, pois junto de você será aprovado um grupo de até 50 pessoas, que são dos mais diversos países do mundo e você precisa estar aberto para as diferenças culturais que irão surgir na convivência com estas pessoas.

Em resumo, eu diria que se você tem o desejo de aplicar para o FSJ, o ideal é começar a estudar alemão, para ter pelo menos uma comunicação básica, além de ter pelo menos 2 meses de experiência com trabalhos sociais e se mostrar uma pessoa aberta. Inglês é um diferencial e obrigatório se seu nível de alemão foi baixo.

Depois que você aplica para o ICE, se eles acharem que você pode ter perfil para o FSJ, eles realizam uma entrevista por Skype e te dão uma resposta um tempo depois. Com essa resposta eles geralmente enviam duas ou três opções de locais de trabalho para você.

No meu caso recebi duas e escolhi o Sonnenhof e.V em Schwäbisch Hall. Uma escola para pessoas com deficiência. Trabalhava de segunda feira, no horário da aula, que normalmente ia de 8h45 às 15h45.

Quando você seleciona o lugar de trabalho, eles te enviam o contrato e aí você precisa ir para um consulado alemão para aplicar para o visto. Sobre isso você pode ver mais no site do consulado da Alemanha no Brasil e o ICE, fornece todas as informações também quando você é aprovado.

Quanto paguei pra fazer o intercâmbio?

Bom, como disse meu investimento foi muito baixo se comparado a outros tipos de intercâmbio. Já tinha feito outro intercâmbio em 2013 na Inglaterra e o investimento neste da Alemanha foi infinitamente menor.

Quando eu apliquei não precisei pagar nada para o ICE. Quando o ICE me aprovou eu fui direcionada e orientada a tirar meu visto de FSJ, aí foi meu primeiro investimento financeiro. Lá no consulado eu tive que pagar por conta própria meu visto, que custa 75 euros, aproximadamente 300 reais (cotação da época que paguei).

Para aplicar para o visto você precisa ter um seguro saúde, mas isso o próprio ICE organiza para você junto do seu local de trabalho. Ou seja, não precisei pagar nada pelo seguro saúde, nem quando fui, nem no 1 ano e sete meses que estive lá, sempre foi pago pelo meu local de trabalho. Antes de você ir para o consulado o ICE já envia o documento do seguro pago para você.

Na minha cidade não tinha consulado, eu tive que pagar minha passagem de ida e volta para Recife, mas isso vai depender se na sua cidade tem consulado ou não. Minha passagem custou 350 reais ida e volta. Tudo no consulado relacionado ao visto foi resolvido em um dia.

Com visto aprovado, eu tive a resposta final de que iria para a Alemanha, pense em uma alegria! Pois bem, a passagem de ida para a Alemanha é paga pelo intercâmbista e a de volta pelo próprio ICE. O valor da passagem de ida varia muito, como eu me inscrevi já tarde e eu não tinha muito tempo até a data de inicio do projeto, minha passagem foi um pouco cara, por volta de R$2.200,00 reais a ida, mas como disse é possível encontrar preços bem mais em conta, quando meu namorado foi, por exemplo, pagou cerca de R$1.300 reais pela ida.

Além disso, levei 500 euros comigo, como uma reserva financeira para comprar roupa de frio e para emergências.

Pronto. Isso foi tudo que tive que pagar! Meu visto, minha passagem para tirar o visto (só porque na minha cidade não tinha consulado), minha passagem de ida pra Alemanha e um dinheiro que eu quis levar por segurança. 

Tá, e quanto era meu “salário”?

Importante frisar que se trata de um trabalho voluntário, então o que você recebe na verdade é uma ajuda de custo, mas eu vivia e viajava somente com esse valor. Além disso você recebe benfícios, como moradia, o que diminui muito os seus custos.

No Sonnenhof eu recebi um apartamento para morar, mobiliado, não precisava pagar água, luz, Internet, nem nenhum eletrodoméstico ou móvel da casa. Eles também me davam todos os materiais de limpeza que precisava durante o mês. Além disso, se desse algum problema no apartamento, o conserto técnico era por conta deles.

Eu recebia também uma ajuda de custo financeira de 400 euros por mês. Esse dinheiro era para eu me manter, me alimentar, comprar roupa e medicamentos. Mas com muito planejamento e uma vida simples, foi também suficiente para eu conhecer incontáveis cidades em um ano e meio.

Durante meu horário de trabalho fazia muitas refeições no próprio local de trabalho. Sempre tinha almoço. Isso me poupava bastante dinheiro também.

Tem muito mais!

Esse é um intercâmbio ainda pouco conhecido pelos brasileiros e com muitas oportunidades e pontos importantes. Acho que não mencionei que eles me pagaram dois cursos pra estudar alemão, né? Teve isso também, além de treinamentos prévios pra aprender a trabalhar com pessoas com deficiência, algumas viagens bate-volta de 1 dia pra conhecer cidades da Alemanha e a cultura do país, e um fim de semana em Berlim.

Se tiver qualquer dúvida sobre o FSJ, você pode falar comigo no meu Instagram, sempre tenho o maior prazer do mundo em ajudar outras pessoas a viverem essa experiência, que marcou tanto a minha vida e me trouxe tantos aprendizados. Vai ser um prazer falar com você por lá! 

Só digo uma coisa: SE JOGA! 

Intercâmbio – Trabalho Voluntário

Olá! Pra você que sempre acompanha os vídeos lá do canal Cabide Colorido no Youtube tá sabendo que todo mês rola um vídeo especial e apoiado pela agência de intercâmbios mais legal do Brasil: World Study!

O vídeo deste mês é sobre o Intercâmbio Voluntário!

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É aquele lance de “Fazer o bem sem Olhar a quem”!

No voluntariado não ganha só quem recebe os benefícios do serviço prestado, mas o voluntário também é favorecido pelo seu bem-estar e pela sensação maravilhosa de ter disseminado o bem!

Muitas vezes o cotidiano nos maquiniza, torna-nos indiferentes às necessidades dos menos favorecidos…E é a realização do trabalho voluntário que nos humaniza e nos faz lembrar que, unidos, podemos gerar uma nova realidade!

O intercâmbio por ser de 2 a 12 semanas, e no lugar que você mais curtir! Veja abaixo os destinos:

Destinos para trabalhar voluntariamente:

Ásia: Índia, Nepal, Laos e Tailândia

Australasia: Austrália e Ilhas Fiji

América Latina: Costa Rica e México

África: África do Sul, Ilhas Seicheles, Quênia

Europa: Grécia

Nesse site aqui (clica aqui) você pode dar uma olhada nos tipos de trabalhos voluntários nas Ilhas Fiji, por exemplo.

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E no vídeo abaixo eu falo um pouco mais sobre esse tipo de intecâmbio:

Se tiver alguma dúvida a respeito, me envia no e-mail: [email protected]

Um beijo, amo vocês!