Stipendium Hungaricum: Bolsa para Estudar de graça na Hungria

A Hungria não costuma ser o destino dos sonhos dos jovens que buscam por um intercâmbio. Eu sei muito bem disso, porque, na verdade, nunca foi o meu também. Eu acredito que isso acontece porque, pelo menos no Brasil, conhecemos pouquíssimo sobre o país, sua cultura, suas cidades, pontos turísticos, comidas típicas etc.

Bolsa Stipendium Hungaricum
A Hungria conta com um processo de bolsa de estudos que permite brasileiros estudar por lá de graça!

A Mi me convidou para falar um pouquinho de como está sendo a minha experiência vivendo em Budapeste, a capital da Hungria. Já adianto: estou vivendo os melhores meses da minha vida e realizando sonhos que eu achava que estavam distantes demais para se tornarem realidade.

Me chamo Eduarda Gressler, tenho 20 anos e venho de uma cidade de aproximadamente 30 mil habitantes no Rio Grande do Sul, chamada Dois Irmãos. Sempre estudei em escolas públicas e foi em uma dessas que me formei técnica em química. No meu ensino médio conheci a pesquisa científica, que me abriu portas que eu tanto esperava: fui parar do outro lado do mundo, na Malásia, para participar da Conferência Internacional de Jovens Cientistas. Na universidade, fui bolsista do PROUNI e estudei três semestres de Engenharia Química na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Durante todo esse tempo, sempre sonhei em fazer um intercâmbio, mas nunca tive as condições financeiras para pagar por um. Foi aí que o Stipendium Hungaricum apareceu.

Eduarda Gressler têm 20 anos e é bolsista Stipendium Hungaricum

O que é a Bolsa?

O programa de Bolsas Stipendium Hungaricum foi lançado em 2013 na Hungria e tem como objetivo apoiar estudantes estrangeiros que queiram realizar seus estudos em instituições de ensino superior húngaras. O pacote da bolsa oferece uma oportunidade única de desenvolvimento acadêmico e profissional, ampliando a rede de contatos do bolsista na Europa e claro, uma experiência imersiva na cultura húngara.

São 29 instituições de ensino superior que oferecem programas de bolsa, ou seja, são mais de 600 cursos acadêmicos, e o melhor: conduzidos principalmente em inglês! Essa bolsa é ofertada para diversos países e não é necessário saber húngaro para se inscrever.

Você pode de forma completamente gratuita, fazer um Bacharelado, Mestrado ou Doutorado. E até, programas não acadêmicos como cursos profissionalizantes e de especialização. São disponibilizadas cerca de 250 bolsas para Brasileiros por ano!

Além do curso inteiramente gratuito, o bolsista recebe uma bolsa mensal de 83.700 florins húngaros, seguro de saúde e a possibilidade de trabalhar meio-período (20h semanais).

Pré-Requisitos e Documentos Necessários:
– Ser maior de 18 anos (não existe idade máxima);
– Passaporte Válido
– Histórico Escolar Traduzido
– Certificado de Conclusão do Nível Anterior de Ensino Traduzido
– Certificação de proficiência no Inglês (IELTS 5.5 mais ou menos, depende da Universidade)
– Carta motivacional (onde você fala sobre suas motivações para estudar na Hungria)
– Exames médicos que comprovem que você não possui uma doença contagiosa (e, se caso possua, que você faz tratamento).

Processo Seletivo:
As inscrições abrem todos os anos em Novembro e vão até Janeiro do ano seguinte. Você precisa criar um perfil no site oficial e submeter todos os documentos até o final de Fevereiro, aí então eles fazem a primeira revisão dos documentos pra ver se você é elegível. Entre abril e maio acontece o processo admissional da universidade (nessa parte pode ser solicitado que você faça provas, entrevistas ou outro tipo de processo, dependendo da universidade). No início de Julho saem os resultados finais e no mês de Setembro do mesmo ano você começa o seu curso na Hungria!

Eu, Duda, estudo bacharelado em Engenharia Química na Budapest University of Technology and Economics, na capital da Hungria, Budapeste. Estou iniciando o meu segundo semestre no curso e quero dividir com vocês um pouco da minha experiência até agora:

Sobre o país e a capital:

Me pergunto “como eu nunca tinha ouvido falar na Hungria antes?”
Estou morando aqui desde agosto de 2020 e todo dia em que saio na rua é como se eu estivesse saindo pela primeira vez. As cidades são lindas, não só Budapeste, mas todas as cidades do interior que já conheci. O país tem diversas construções grandiosas, de deixar a gente de queixo caído toda vez que vê.

Segurança para Mulheres:
A capital, Budapeste, é uma cidade limpa, bem cuidada e segura. Posso voltar de uma festa sozinha de madrugada e me sinto mil vezes mais segura do que me sentiria no Brasil (eu sequer voltaria sozinha lá). Não digo que tudo são flores, já conheci pessoas que tiveram celulares furtados ou outras coisas, mas nunca fiquei sabendo de alguém que sofreu algum tipo de agressão ou assalto. Uma coisa que vejo muito por aqui são moradores de rua, alguns usuários de drogas e muitos bêbados. Como vim de cidade pequena, isso foi algo que me chamou muita atenção no início.

Muitas meninas me perguntam “mas Duda, esses homens bêbados na rua nunca mexeram contigo?”, e sobre isso: já teve uma ou outra vez que a pessoa gritou alguma coisa de longe (em húngaro, então não entendi nada mesmo), mas nunca, nunquinha, alguém chegou perto de encostar em mim, nem nas minhas amigas. Por isso que digo que me sinto muito mais segura
aqui do que no Brasil.

Transporte Público: 
O transporte público aqui é uma das coisas que eu mais gosto. Eu pago um valor de 3450 HUF por mês (cerca de 60 reais) e posso utilizar os ônibus, o tram e os metrôs quantas vezes eu quiser. A cidade inteirinha é conectada pelo transporte, que funciona pontualmente e 24 horas por dia (na madrugada, com menos frequência).

Custo de Vida:
Já falei sobre os custos na live que fiz com a Mi (que inclusive super recomendo, tiramos várias dúvidas sobre a bolsa de estudos lá!), mas vou dar uma visão geral por aqui.
Um real brasileiro equivale a (em torno de) 55 florins húngaros. Os valores que vou passar são os gastos que tenho por mês, que podem variar muito dependendo do seu padrão de vida.

– ALUGUEL: eu divido quarto com outra brasileira e pago 55.000 HUF por mês (em torno de mil reais). Nesse valor já estão incluídos os custos com aquecimento, água, luz e internet. A partir do próximo mês, vou me mudar para outro apartamento onde terei um quarto só pra mim e o valor será de 64.000 HUF, com tudo incluso também. Esse valor para um quarto individual, grande, com cama de casal, é relativamente barato, mas ele só está com o valor mais baixo por causa da pandemia.

– TRANSPORTE: como já citei, pago 3450 HUF por mês (cerca de 60 reais) para andar com os transportes públicos da cidade quantas vezes eu quiser, 24 horas por dia.

– MERCADO: eu gasto cerca de 30.000 HUF por mês (em torno de 550 reais). Eu como super bem, não deixo de comprar as coisas que quero e consigo manter uma alimentação saudável com esse valor. A única coisa que acabei cortando da minha rotina foi a carne vermelha, que aqui custa muito caro.

Pessoas Húngaras:
Muitas pessoas aqui costumam dizer que húngaros são frios e grossos. Já tive experiências diversas, mas realmente senti que as pessoas aqui são muito mais fechadas do que no Brasil. Já recebi muita cara feia no mercado e em lojas por não falar húngaro, mas nada que tenha me deixado super incomodada. Um professor húngaro que tenho me falou que aqui no país os clientes não são tratados como prioridade, que muitas vezes os atendentes agem como se estivessem fazendo um favor ao cliente, mas que isso vem mudando com o passar dos anos. E mesmo que você não se dê bem com o jeitinho húngaro de ser, tem gente de todo lugar do mundo por aqui. É muito difícil eu sair na rua e não ouvir gente falando em inglês (acontece até de ouvir pessoas falando em espanhol, alemão, português, francês etc.). E tudo isso em tempos de pandemia, dizem que antes da pandemia a cidade era lotada de turistas.

Sobre a Universidade:

Desde que cheguei aqui, por causa da pandemia, as minhas aulas estão acontecendo online. Por isso, ainda não tive muitas oportunidades de visitar a universidade e conhecer os prédios. Pelo que pude ver até agora e pelo que conversei com veteranos, a estrutura da universidade é ótima.

Budapest University of Technology and Economics

Sobre os professores, tive experiências boas e ruins, assim como tive no
Brasil. Tive professores com uma ótima didática, enquanto outros não explicavam nada, tínhamos que estudar o conteúdo inteiro por conta própria. Uma coisa que foi uma grande novidade pra mim foram as provas orais. Nunca havia feito uma prova oral na vida, muito menos em inglês, então foi o que mais me tirou a calma no primeiro semestre, mas no final
deu tudo certo!

Eu tenho um perfil no Instagram onde mostro um pouco da minha vida por aqui, que é o @vidaembudapeste. Estou sempre ajudando pessoas que querem aplicar pra bolsa ou que tem interesse de vir morar na Hungria, então se tiverem qualquer dúvida podem me chamar por lá! Espero ter conseguido passar uma visão geral de como são as coisas por aqui.

Budapeste é uma cidade muito turística, com diversos intercambistas, lotada de bares, festas, restaurantes e cafés. Eu poderia morar aqui por 50 anos e não iria conseguir conhecer todos esses lugares. A cidade é apaixonante e superou todas as minhas expectativas! 

CONHECENDO PORTUGAL EM 3 DIAS

Fazer um mochilão na Europa por 20 dias foi um dos primeiros desafios que enfrentei quando o assunto é viagem. Além da história que já conhecemos, de que na Europa tudo é muito caro, eu tive que fazer um planejamento bem estruturado da viagem, para não correr o risco de dar tudo errado, ou pelo menos, quase tudo. A primeira coisa que eu falo para todo mundo é: se você comprar um chip de celular que funcione em outro país, espere até chegar para colocar ele no seu celular, ou coloque antes de sair de onde está. Isso por que eu tive a má experiência de ter perdido o meu chip dentro do avião (óbvio que eu nunca mais achei). Com a perda do chip eu acabei gastando 80 euros SÓ comprando chip pelos países que passei. E como eu visitei cinco países, vocês já podem imaginar a dor de cabeça que deu. Mas sem bad vibes aqui hein!?

Hoje eu vim falar sobre um dos cinco destinos da minha trip, e também um dos destinos que mais amei conhecer: Portugal. Como os meus voos de chegada e partida eram de Portugal, acabou que fiquei um tempo maior por lá. Fui em fevereiro, então estava um pouco frio ainda (mesmo Portugal sendo o lugar mais quente pelo qual passamos), o problema nem é o frio, é o VENTO. A primeira impressão que eu tive de Portugal foi “um Brasil mais antigo que deu certo”, porque para todo lado que eu olhava em Lisboa, me lembrava o Brasil dos livros de história, sabe? Os carros mais antigos e a arquitetura me lembraram um pouco das ruas de São Paulo.

A primeira coisa que eu fiz quando cheguei em Portugal foi pegar um metrô e ir pro hotel. Eu viajei com meu esposo e nós estávamos muito cansados, mas como eu sou espertinha, já havia pesquisado antes de ir onde ficavam os mercados e padarias mais próximos do hotel. Por sorte havia um mercadinho há 2 ruas para baixo, e foi lá que compramos nossa refeição completa do dia seguinte.

Acordamos e fomos logo embarcar passar um dia em Porto e, se tudo desse certo, iríamos assistir a um jogo da Champions League. Como nós gostamos bastante de futebol, era algo importante para nós. Chegando em Porto pegamos direto um metro para o Estádio do Dragão, que é o estádio oficial do Futebol Clube do Porto. As bilheterias ainda estavam fechadas, mas o que tinha de cambista na porta, não dava para contar. Preferimos comprar direto na bilheteria, pois os riscos dos ingressos serem falsos é bem alto. Conseguimos os nossos tão sonhados ingressos do jogo do Porto contra o Juventus, foi surreal para nós. Conhecemos o entorno do estádio, loja oficial e tudo mais.

Depois fomos direto para a livraria Lello e Irmão, porque como fã de Harry Potter desde os sete anos, eu não poderia deixar de conhecer a livraria que inspirou J.K. Rowling. Pagamos 15$ para entrar na livraria, mas valeu cada centavo, foi muito mágico. Acho que para quem é Potterhead, conhecer coisas que envolvem a história, sempre será muito mágico e nostálgico. É incrível imaginar que J.K. se sentou em alguma daquelas cadeiras para escrever, ou que ela folheou algum livro das estantes.

Pelas 11:00 da manhã estávamos verdes de fome e descobrimos um “café” ao lado da livraria. Eles serviam pratos de comida então optamos por já fazer uma refeição reforçada. Eu não sei se era porque eu estava morrendo de fome, mas eu pedi um macarrão à carbonara que foi a coisa mais deliciosa que eu já comi na minha vida. O problema é que o prato era enorme e eu não consegui comer tudo, mas confesso que depois, quando bateu a fome de novo, eu me arrependi de não ter comido aquele resto que eu deixei no prato. É sempre assim, né!? O jogo começava por volta das 19:00, portanto tínhamos que chegar lá pelo menos umas 17:00. Não tínhamos muito tempo para conhecer Porto melhor, por isso andamos por alguns pontos turísticos que ficavam “perto” de onde estávamos e que dava para ir andando. Depois de um tempo andando e conhecendo alguns pontos, voltamos para o estádio.

O metro estava LO-TA-DO. Cheio de italianos conversando absurdamente alto, pessoas cantando, parecia que já estávamos dentro do jogo. Fiquei um pouco impressionada, mas não sabia o que viria depois. Ao sair do vagão, uma multidão se encontrou na escadaria, pessoas cantando musica do Porto, a multidão praticamente nos carregava. A energia que rolava ali, era incrível, não dá nem para descrever. As nossas garrafas de água e comidas foram barradas na portaria, mas comemos um hotdog com batata frita delicioso dentro do estádio.

No dia seguinte fizemos um passeio de ônibus até a cidade de Fátima. Fomos na parte da manhã e voltamos pelas 15:00. O santuário é lindo e para quem é mais religioso chega a ser emocionante. Uma dica: procure por bons restaurantes em Fátima para comer. Não tivemos tempo de olhar e por isso ficamos com fome até a volta. Deixamos a parte da tarde para conhecer melhor Lisboa e fazer umas comprinhas. Fomos até o El Corte Inglês e aproveitamos bastante os preços por lá. Dá para comprar muita coisa boa e barata em Portugal, e na Europa em si, só tem que saber o lugar certo de ir. Fui conhecer Belém e estava SECA para experimentar o famoso pastel de Belém. Confesso que me surpreendi bastante com o bendito pastelzinho. Ele é crocante e cremoso ao mesmo tempo, nada parecido com os que vendem no Brasil. Esse dia estava muito frio e com ventos muito fortes, queríamos conhecer mais coisas, porém o frio não deixou. Na manhã seguinte fomos para Roma, na Itália, mas isso vai ser história para outro post!


Esse post faz parte do projeto “leitores no blog” onde cada um pode enviar sua história de viagem e aparecer por aqui. O post de hoje foi escrito pela Laila Zago. Obrigada, Laila <3

VISITEI AUSCHWITZ I E AUSCHWITZ II – Viagem Sozinha

Desde que estudei sobre a Segunda Guerra Mundial no ensino fundamental, passei a ter muito interesse no assunto. Pensei na possibilidade de visitar Auschwitz, mas sabia que precisava estar preparada pra isso. Li inúmeros livros sobre holocausto, nazismo, fascismo, a vida de Hitler, a vida dos judeus, a vida pós-guerra, li todas as revistas de história que eu encontrava sobre o assunto e até fui a palestras de italianos filhos de sobreviventes contando as histórias de seus pais. Ainda não foi suficiente.

Eu só tinha um final de semana na Cracóvia e queria visitar tanto Auschwitz quanto a mina de sal, então comprei os dois passeios juntos. Paguei em média 80 euros pelos dois, incluindo transfer do hotel até os lugares, visita guiada nos dois, lanche e transfer de volta ao hotel. A visita inclui dois campos: Auschwitz I e Auschwitz II – Birkenau.

portão Auschwitz I

Auschwitz I era um antigo quartel polonês que foi tomado pelos alemães. Na entrada, o famoso portão com a frase “Arbeit Macht Frei” (“o trabalho liberta”). É nos prédios desse campo que fica o museu. Lá podemos ver vários objetos que restaram dos últimos dias antes da chegada dos russos – apenas dos últimos dias, pois todos os bens eram enviados para os alemães. Podemos ver também as latas dos venenos usados nas câmaras de gás, os quartos
onde dormiam os prisioneiros, as celas, a primeira câmara de gás construída para teste, fotografias dos prisioneiros, toneladas de cabelo feminino (a pior parte), a famosa parede da morte e inúmeras malas dos prisioneiros que chegaram no último trem. Todas as malas tinham nomes escritos, algumas também tinham a data de nascimento e endereço. Eles tentaram da melhor forma identificar seus pertences, pois cada um só poderia levar uma mala, então
levaram tudo que tinham de mais precioso. Não faziam ideia do que os esperava.

câmara de gás

parede da morte

A princípio, os prisioneiros eram executados nessa parede à tiros, porém levava tempo, fazia muito barulho e muita bagunça. Os nazistas precisavam de algo mais potente, mais eficiente. Foi aí que criaram as câmaras de gás. Nessa visita guiada é possível entrar na primeira câmara construída e ver os buracos no teto por onde eles jogavam o veneno. Eu confesso que ainda não tenho estômago pra descrever a energia daquele lugar. É quase como se as almas ainda estivessem ali. A energia é muito forte, não só dos judeus, mas também as dos nazistas. A sensação que eu tive era de como se eu pudesse ouvir, ao mesmo tempo, o grito de socorro das almas inocentes e a risada orgulhosa dos monstros que faziam isso.

Auschwitz II é 22 vezes maior que Auschwitz I. Nenhum prédio está aberto para visitas, exceto o prédio dos banheiros que é uma réplica do original. As câmaras de gás foram explodidas pelos nazistas para que não ficassem vestígios dos crimes cometidos naquele lugar. As ruínas permanecem lá exatamente da forma que eles deixaram. É inexplicável a agonia que eu senti vendo aquelas ruínas.

ruínas Auschwitz II

É também em Auschwitz II que vemos a famosa linha do trem por onde chegavam os prisioneiros. No meio do campo, havia uma seleção. Os médicos e guardas nazistas escolhiam quem iria trabalhar e quem iria direto para a morte. Os escolhidos para trabalhar iam pros campos – os outros seguiam direto no trem até o fim da linha, onde seria, também, o fim de suas vidas. Quando os nazistas souberam que a guerra estava perdida e os russos estavam chegando, não se preocuparam mais em recrutar  trabalhadores. Todos iam direto para a morte. Não havia espaço para tanta gente nos crematórios, foi quando começaram a queimar os corpos ao ar livre. E os próprios prisioneiros tinham que limpar a bagunça depois.

linha do trem
sapatos perdidos

Não sei se você, que está lendo isso, acredita em energia. Mas depois dessa visita, fica impossível não acreditar. Eu senti tudo conforme passava pelos lugares. Senti desespero, agonia, tristeza, solidão. No total, a visita durou em média 5 horas. Depois de 3 horas eu já estava doida para sair dali. Isso porque eu havia me preparado muito. Mas você nunca está preparado o suficiente para visitar um local criado para extermínio de vidas inocentes onde 1,3 milhão de pessoas sofreram todo tipo de humilhação possível até serem mortas como se fossem pulgas. Hoje é quarta-feira, fiz a visita no domingo. Ainda tenho dificuldades pra dormir. Ainda fico com as imagens na cabeça toda vez que fecho os olhos. Ainda saio na rua e me pergunto como as pessoas conseguem viver felizes fingindo que nada disso aconteceu. Foi horrível, foi pesado, sombrio, macabro. Eu queria poder não lembrar das coisas que vi. Mas tudo aconteceu, e precisa ser lembrado.

Eu não chorei. O impacto foi muito grande. Não tive tempo para chorar. Foi o dia mais pesado da minha vida. Mas é importante lembrar que o mundo não mudou. As ideias que levaram os nazistas a fazerem o que fizeram ainda existem nos dias de hoje. A diferença é que ainda não surgiu um Hitler para pô-las em prática. Sendo assim, vale a visita. É importante ver o quão absurdo foi o nosso passado para refletirmos sobre o nosso presente e impedirmos que o futuro seja assim tão trágico.


Esse post faz parte do projeto “leitores no blog” onde cada um pode enviar sua história de viagem e aparecer por aqui. O post de hoje foi escrito pela Deborah Izel, você pode encontrar ela no Instagram: @deborahizel . Ela é au pair na Bélgica e fala bastante sobre sua vida e viagens por lá.

Viagem a El Calafate – Ushuaia

Fomos conhecer El Calafate, uma cidade pequena na província de Santa Cruz que faz fronteira com o Chile. A cidade fica aos pés do maior lago do país, o Lago Argentino. El Calafate tem esse nome devido a um arbusto muito presente em toda Patagônia, é uma planta de flores amarelas e frutos arroxeados que lembra bastante o blueberry e servem para fabricação de sorvetes, geléias, licores e doces.

Foto: El Calafate

A principal atração da cidade é o famoso Glaciar Perito Moreno localizado no Parque Nacional Los Glaciares. O parque fica a 85km do centro da cidade e pelo caminho se vê a Cordilheiras dos Andes. Durante o trajeto tivemos uma guia muito receptiva que nos contou um pouco sobre a região.

Antes de chegar ao Parque, fizemos uma parada para ver Glaciar de longe, e é simplesmente maravilhoso! A geleira é formada pela compactação da neve através da gravidade ao longo do tempo. Nesta região da Argentina existem outros glaciares como o Upsala e o Viedma, mas a popularidade do Perito Moreno é maior por ser de fácil acesso.

O parque nacional é muito organizado e tem 7 km de passarelas que chegam muito perto da parede enorme de gelo que tem 5 km de frente e em média 60 m de altura. Parte das passarelas é para apreciar a vegetação ao redor, que é muito rica. Além do passeio pela passarela é possível realizar um passeio de uma hora em um barco que chega bem próximo da geleira, mas eu e minha mãe optamos apenas andar pelas passarelas que oferecem também uma vista incrível. Todos o visitantes ficam atentos para o momento mais esperando que é o barulho do gelo caindo na água, a expressão é de espanto e admiração ao mesmo tempo.

Depois de conhecer e encantar com toda a beleza que El Calafate nos ofereceu, seguimos viagem para a cidade do fim do mundo: Ushuaia. Antes de chegar em Ushuaia você já se apaixona com a vista da Cordilheira dos Andes da janela do avião.

Ushuaia fica aos pés da Cordilheira e tem um pouco mais de 50 mil habitantes mas não é por ser uma cidade pequena que não deixa de ter uma história interessante e lindos lugares. É conhecida como Terra do Fim do Mundo por ser a última cidade da América do Sul e é considerada a porta de entrada para a Antártida. Como a cidade é muito fria mesmo na época do verão, antigamente os povos indígenas acendiam fogueiras na beira do mar para se aquecerem, e foi quando o navegador Fernão de Magalhães avistou as fogueiras e deu o nome de Terra do Fogo.
Um dos lugares que não pode deixar de visitar é o famoso Museu Marítmo de Ushuaia que é na antiga prisão. É muito interessante toda a história da cidade e foi a partir desse presidio que deu inicio a povoação na cidade.

E é bem interessante também fazer um tour de ônibus pela cidade, passando pelos pontos turísticos e a área residencial.

Recomendo também fazer o passeio do Trem do Fim do Mundo pelo Parque Nacional da Terra do Fogo. Durante o trajeto é possível ter uma vista muito bonita, fazem uma parada para tirar fotos em uma mini cachoeira e durante todo o caminho conta a história de Ushuaia e do presidio, passando pelos lugares onde os presidiários trabalhavam. O bom desse passeio é que tem o áudio em português então é fácil entender toda a história.


Esse post faz parte do projeto “leitores no blog” onde cada um pode enviar sua história de viagem e aparecer por aqui. O post de hoje foi escrito pela Priscila Rosa, você pode encontrar ela no Instagram: @priscilarosarc

Viagem incrível para a Amazônia – Santarém do Pará

Imagine um lugar onde a natureza te cerca de forma única, te faz sentir parte do todo através de sensações que eu particularmente, considero mágicas. 

É o cheiro do ar, que carrega um misto de frescor do mato e a umidade da floresta. É a textura da água do rio, que quando toca sua pele, assim quentinha, inunda o corpo todo numa sensação de bem estar. É a brisa leve da praia e as ondas fracas do rio, que por sinal também tem um som que só ele sabe fazer (assim como o mar). As vezes esverdeado, às vezes azulado, em outras um pouco marrom. E quando cai uma tempestade – coisa típica da região – ele ganha uma cor negra. Sólida. Imponente!

As cores mudam o tempo todo e a qualquer momento pode estar vindo uma surpresa.

Estou em Alter do Chão, vila de pescadores que se desenvolveu ao longos dos anos na cidade de Santarém, no Pará – lugar onde eu nasci e me criei. Aqui, não muito distante, você vai encontrar alguns dos melhores lugares do mundo!

Outro dia, tomei banho de Igarapé nua. (Igarapés são pequenos riachos dentro da floresta, eles não são como açudes ou lagos parados. Têm correnteza, se originam de uma fonte e as águas são quase sempre cristalinas). A trilha pra chegada ao riacho é a coisa mais incrível, com suas árvores de raízes protuberantes, cipós e o som das diversas aves que habitam a região. Tem arara, tucano, pica-pau, bicho preguiça e macaquinhos. A água geladinha me fez arrepiar assim que entrei, mas minutos depois aquela mesma água estava uma delícia e eu desfrutava de uma das minhas melhores experiências de liberdade! Respirava fundo fechando e abrindo os olhos para aquele teto de folhas, tantas variações delas… Não há como não se enfeitiçar sentindo toda essa energia.

Também preciso mencionar sobre os espetáculos do amanhecer e do pôr do sol, diariamente aqui exibidos! As casinhas rústicas ao longo da vila… O carimbó (dança típica da região, oriunda dos indígenas) que eu duvido você não querer se mexer ao som daqueles tambores. As comidas típicas elaboradas especialmente com frutos da floresta: Buriti, cupuaçu, cacau, macaxeira, tucupi, jambú!

Aqui a natureza é a atração turística.  E pra mim, não poderia haver melhor tipo de viagem!

Estranho dizer que voltando aqui depois de alguns anos eu me deparo com uma cidade diferente, enquanto que nada mudou. Na verdade eu mudei, e voltar aqui em outra perspectiva me faz enxergar tudo diferente!

Sempre fui aquela garota que sonhava desbravar o mundo e não podia perder um segundo sequer da vida que não fosse explorando as coisas do mundo a fora. Depois de uma breve experiência nos Estados Unidos, posso dizer que a nossa casa, cultura, costumes carregam o mesmo teor de importância no repertório que preenche a nossa vida. A gente tá sempre aprendendo.

Então caro leitor, se você também é viciada(o) em viajar, anota aí na lista de destinos: Santarém do Pará. Uma experiência incrível, com o ecossistema mais rico do mundo em diversidade na fauna e na flora. Amazônia, sim. Brasil é um paraíso em lugares lindos!


Esse post faz parte do projeto “leitores no blog” onde cada um pode enviar sua história de viagem e aparecer por aqui. O post de hoje foi escrito pela Fabiana Maia, você pode acompanhar ela no instagram @fabianamaiah