O Medo de Sentir Saudade

Quando o medo de sentir saudade te impede de dar a volta no mundo. O medo de altura te impede de uma vista incrível. O medo de se aproximar te impede de conhecer pessoas maravilhosas. O medo do novo te impede de viver.

O medo é poderoso. É um mal que fica escondidinho dentro da gente e que explode em todo o tipo de situação, as esperadas e inesperadas. Contar até dez, dar as mãos para seu melhor amigo, fechar os olhos ou até uma lasca de chocolate ao leite podem ajudar. Mas no final, tudo só vai depender de você.

Acredito, que antes do medo de aranhas ou lugares fechados, o pior deles é o medo da saudade. Te impede conhecer, de fugir do seu universo, ir para longe e viver experiências que nenhuma enciclopédia pode descrever. Ninguém vai fugir, mocinho! Pelo contrário, assim que você voltar de um dia suado de trabalho do outro lado da cidade ou de uma viagem de um ano, a mamãe e a vovó estarão ansiosas para te receber com um cafuné e um café. E a saudade aperta, sim, mas é uma saudade boa :)

Não digo que o medo seja ruim, mas quando existente em excesso ele se torna muito além de um peso. Quando bem sintonizado, ele arrepia, dá frio na barriga, frio na espinha e êxtase em conhecer o novo. Sensações maravilhosas e que nos oportunizam a felicidade plena. Vivemos ansiosos por isso. Pra qual lado será a próxima curva?

Boxing Day!

Pensava que dia 26 era dia de preguicinha? Pensava que a correria e as compras terminariam no dia 24 de dezembro? Engano seu. Nesta data acontece o Boxing Day em diversos países. Filas quilométricas, lojas cheias, mãos abarrotadas de sacolas e gente saindo no tapa por produtos.

O Boxing Day é conhecido como o dia das liquidações nos países de origem inglesa. Londres, Estados Unidos, Canadá e outros mais devem entrar na dança. Acontece que o excesso de mercadorias não vendidas no período anterior ao natal entram em promoções com descontos absurdos. Desde as marcas menores até as grandes, como Chanel, Prada e Louis Vuitton, entram na brincadeira. Mágico, né? Para quem ama fazer compras é o paraíso!

Mas, como tudo tem seu lado ruim, já aviso: a Europa se transforma na rua “25 de março” neste dia. Gritaria, empurra-empurra e tudo o que mais tiver direito entram em ação na hora de poder garantir os melhores descontos para si. Mas, se você for capaz de aguentar um pouquinho do tumulto, valerá a pena. Além disso, participar de um dia desses na companhia da mãe ou de sua melhor amiga é diversão na certa :)

Enquanto isso, continuamos aqui na preguiça pós-natal!

Beijos,
Cris

Rowling e Portugal

Já fui algumas vezes pra Porto, que é “vizinha” de Braga, e acho uma das cidades mais apaixonantes de Portugal. Um tempo atrás, fomos desbravar e conheci um dos lugares mais incríveis que já fui até agora. Nessa vez, decidi que não faria um programa de turista “tradicional”, mas sim, iria descobrir alguma coisa além da Ribeira (que é linda e inspiradora, por sinal), e dos pontos turísticos mais movimentados. Assim, aproveitei e resolvi seguir algumas dicas da cidade que são relacionadas com Joanne Kathleen Rowling. O que não foi nada mal, mesmo para quem não gosta de Harry Potter.

Antes de falar delas, vale explicar: o que Porto tem a ver com a autora de Harry Potter?

Acontece que Portugal foi marcante para Rowling. De 1991 a 1993, ela lecionou inglês na Encounter English, em Porto. A opção de aceitar o cargo se deu ao fato de conturbações familiares, e foi visto como uma chance de escape. Nesse período, ela dividiu um apartamento na cidade com duas amigas e também professoras: Jill Preweet e Aine Kiely (que mais tarde ganhariam a dedicatória do terceiro livro da saga, O Prisioneiro de Azkaban). Foi na cidade que ela conheceu um estudante português chamado Jorge Arantes.

Apesar de J. K nunca falar abertamente sobre essa parte, o que se sabe (a maior parte revelada por Jorge, já que Rowling fala muito pouco ou quase nada sobre a vida em Portugal) é que os dois se apaixonaram e foram viver juntos, casando-se em agosto de 1992, após ela sofrer um aborto espontâneo. Mesmo com o relacionamento abalado e com brigas frequentes, em 1993 Joanne deu à luz sua primeira filha. No mesmo ano, o casal se separou após brigas terríveis, quando o marido a expulsou de casa. Foi o fim da vida em Porto para ela, que deixou a cidade com sua filha e voltou ao Reino Unido, junto com os três primeiros capítulos e notas para o restante do livro.

Mas nem tudo foi tragedia durante o seu tempo na cidade.

Quando chegou, em 1991, já haviam esboços sobre o universo de Harry Potter, e segundo dizem, foi em Porto que o primeiro livro, e detalhes da série, começaram a tomar forma. Segundo ela, foi onde seu capítulo favorito de A Pedra Filosofal, O Espelho de Ojesed, foi escrito. Além disso, reza a lenda que, ao ver as roupas dos estudantes universitários portugueses, pretas e com uma capa por cima, lhe veio a inspiração para as vestes usadas pelos estudantes de Hogwarts.

Traje tradicional dos veteranos das universidades portuguesas, usadas principalmente na época das praxes.

Na sua nova vida, ela preservou um hábito que tinha desde antes: escrever em cafés ou bares, durante seu tempo de folga. Na época em que viveu em Porto, Joanne Kathleen era apenas mais uma das muitas milhares de pessoas que viviam na cidade, ainda não tinha a fama de hoje. Então evidentemente sua presença passava despercebida nesses espaços. Porém, segundo Sean Smith, responsável pela biografia da autora, um dos seus lugares preferidos na cidade era o Majestic Café, no centro da cidade. O lugar é uma das cafeterias mais bonitas do mundo, e desde antes da autora de Harry Potter, já era marcado como um ponto de encontro de cultura e arte na cidade.

Agora a parte que mais importa…

Na cidade, apesar de passar muito tempo escrevendo, o seu lugar preferido era uma charmosa livraria no centro da cidade. A Livraria Lello e Irmão, conhecida também como Livraria Chardron, famosa por ser uma das mais belas do mundo, e eleita em 2008 como a terceira mais bonita (na mesma lista que colocou a El Ateneo em segundo). Depois dessa pequena introdução, é aqui que o meu passeio começou.

NO FOTOS PLEASE! SEM FOTOS, POR FAVOR! É a primeira coisa que você escuta ao entrar na livraria, que tem mais de 100 anos de história. O prédio, concebido pelo arquiteto Xavier Esteves, é um dos mais emblemáticos representantes do neogótico portuense. Talvez o que mais chame atenção no quesito arquitetura é a escada que dá acesso ao segundo andar, com sua forma descrita como “uma flor exótica”. Além disso, os vitrais no teto, as prateleiras e os pilares onde estão esculpidos grandes nomes da literatura portuguesa, deixam o visitante de primeira viagem perdido, sem saber para onde olhar primeiro.

São mais de 120.000 mil obras, expostas nas prateleiras, expositores, mesas e até no “chão”. Fiquei algumas horas explorando os títulos expostos, dos novos aos raros e antigos, que ficam guardados nas prateleiras altas e protegidas com vidro, e que estão lá apenas para exposição. Andar pelos corredores estreitos apenas observando é quase como voltar no tempo, e me demorei a ir embora porque fiquei apaixonado pelo clima do lugar. Sem dúvidas essa não foi a minha última visita à Lello.

Antes de acabar, volto um pouco para a relação da livraria com J.K. Segundo a própria autora, o ambiente da Lello foi a sua inspiração para criar a livraria Floreios & Borrões, lugar mágico onde os estudantes compram seus livros para Hogwarts, e que aparece em cenas de A Câmara Secreta. Apesar disso, a livraria do filme não usou como locação o espaço original, deixando a versão de cinema um tanto quanto morta visto a beleza da verdadeira.

Por Felipe Schramm.

Winter Wonderland

Sempre sonhamos com um natal desses de filmes americanos. A neve cobrindo as ruas, coros natalinos, uma árvore cheia de laços e meias penduradas na lareira. Em Londres, nesta época do ano, todas nossas projeções são realizadas com ainda mais glamour do que o esperado. O responsável por esta magia é o Winter Wonderland :)

Já imaginou um parque de diversões todo decorado e com cheirinho de natal? – Afinal, época de natal tem cheiro, ar e gostinho diferentes, né? – O Winter Wonderland é assim maravilhoso ♥. Ele funciona somente entre final de novembro e início de janeiro em meio ao Hyde Park, um dos maiores e mais famosos parques da cidade.

São milhares de luzinhas piscantes, várias lojinhas de chocolate quente, lojinhas temáticas e tendas de doces. A decoração é impecável e não deixa passar nada despercebido, todos os detalhes são minuciosamente pensados com carinho. Os brinquedos também são super legais! Tem carrossel, roda gigante e até montanha russa. Sem esquecer, claro, de um dos mais fofos ringues de patinação de Londres. É muito divertido passar um tempo observando as primeiras patinadas (e quedas) dos inexperientes. Arriscar-se é uma opção ainda melhor!

É uma ótima dica para você incluir na sua lista de lugares do mundo para serem descobertos. A entrada é gratuita e as emoções são muitas, garanto. Quem amou e quiser ver tudo ainda mais de pertinho, aqui tem um vídeo super lindo:

Resta-nos fechar os olhos e sonhar estar lá, né?

Beijos,

Cris

Vai Voar

Vai voar. Cê tem asa, cara. Vai lá sentir o beijo do mundo. Depois vem me contar; contar em detalhes como é o chão e o tambor da África, a chuva que cai na muralha e molha os olhos puxados. Vai ver beija-flor – se existir – na Alemanha.

Vai voar. Cê tem a chance, cara. Vai lá sentir o abraço da terra que nunca te viu antes. Pra quando chegar, contar tudo; contar se é em inglês o latido do cachorro irlandês, se dói muito cair de bike no Japão. Quando puder, mande uma carta. E-mail não vale. Quero saber como são as cartas da Rússia e se sua letra muda quando está com frio.

Daqui eu continuo refletindo no trânsito, no metrô ou no busão. Pensando que o que vejo é apenas uma parte do todo. Que o todo tem mais mundo que esse caos cheio de rotina. O todo tem trips para lugares de céu mais azul com gente que conhece muito daquilo que não conheço nada. Você tá conhecendo mais partes do todo. Admiração é a palavra.

E, voando por aí, lembra de mim. Aquele parça cheio de sonhos na arte, de desejos com liberdade. Eu, seu amigo não viajado, quero que conte como é o mundo que tem aí fora. Isso me ajuda a construir o mundo que tem aqui dentro. Dentro de mim.

Porque um dia eu vou viajar, mas enquanto eu não for, vai por mim. Cê tem asa, cara.

Texto de Fábio Chap.